sábado, 6 de janeiro de 2018

Os juros e a espiral do endividamento infinito



Num passado quase mítico, ainda fazia algum sentido que um banco que estocasse metais preciosos cobrasse alguma taxa de risco para emprestar uma riqueza que não era sua. Mas o simples desenvolvimento do sistema financeiro, e em especial o papel moeda impresso, tornariam essa cobrança menos justificável, visto que se os metais preciosos são raros, limitados e tem que ser extraídos da terra, as cédulas são totalmente produzidas pelo engenho humano, consumindo recursos naturais muitíssimo mais acessíveis e abundantes.

Ainda mais com o advento do padrão Dólar internacional, que ao substituir o ouro, permitiria aos maiores devedores do mundo, os EUA, aplicarem o maior calote da história da humanidade sobre um planeta inteiro, ficou ainda mais estranho que a mesma fonte que faça empréstimos a juros seja a mesma que imprima as cédulas e ainda por cima indexe os valores, controlando então todo o sistema financeiro mundial (isso é um dos principais fatores que torna os EUA o país mais rico do mundo, e não apenas uma simples "maravilhosa competência empreendedora"). 


Ou seja, a consequência de um empréstimo não quitado não seria exatamente a subtração real da uma aparente riqueza não devolvida, pois o Federal Reserve Bank simplesmente pode imprimir mais! Coisa que somente alquimistas poderiam fazer com ouro.

Embora a questão seja um tanto mais complexa, principalmente devido ao custo e tempo para a produção de cédulas, viria a atingir uma simplicidade espantosa com o advento do dinheiro virtual, que sequer precisa de um processo ainda demorado e trabalhoso de impressão de notas. Valores digitais simplesmente adicionados magicamente ao sistema podem fazer bilhões aparecerem em qualquer lugar do mundo. Maravilhosa Alquimia Digital!

Isso significa, entre outras coisas, que a ideia de que os juros se justificam, quer seja como forma de compensar o risco de calote, ou porque o dinheiro no presente vale mais que o dinheiro no futuro (lindo mantra liberal) é uma completa fraude! Pois na realidade não há riqueza alguma ali! O dinheiro é simplesmente "Criado Ex Nihilo!"

O que ocorre é que vivemos num sistema financeiro baseado no crédito, e não no lastro, que se sustenta pelo endividamento, e não poupança, dos únicos que de fato produzem qualquer tipo de riqueza, que são os trabalhadores, os produtores primários! Os demais apenas administram, concentram, redistribuem ou usurpam. A ponto de chegarem até mesmo a fazer negócios não com dinheiro em lastro, mas com créditos a receber, negociarem até mesmo as dívidas das promessas de pagamento das dívidas, e acumularem juros sobre juros fazendo na prática uso de uma quantidade de valores imensamente superior a toda riqueza combinada do planeta!

Quando você recorre a um empréstimo bancário, a realidade não é que você subtraiu uma reserva dele, e sim que o sistema apenas autoriza que as outras partes da economia também concedam crédito a você e lhe forneçam os meios materiais necessários para você solucionar sua necessidade, e depois ter que devolver um adicional para, agora sim, enriquecer ainda mais o banco. Ou seja, você realizará suas transações com dinheiro virtual ou mesmo cédulas reais cujo valor é virtualmente determinado, mas no fundo, não há riqueza alguma em suas mãos além de "notas promissórias". A única criação de riqueza real virá de um excedente de trabalho adicional humano, que alguém terá que fazer em algum momento, para então ser apropriado pelo sistema bancário.

A nível coletivo, na macro economia dos países, essa dinâmica de exploração é exponenciada. Nossa economia não se baseia apenas num complexo jogo de forças de produção, comércio e circulação de riquezas e serviços, mas sim numa espiral de endividamento infinito, cujo fim está sempre num futuro cada vez mais distante, aumentando as taxas de juros e as dívidas que são devoradas num buraco negro insaciável e enviadas para um futuro inalcançável cujos únicos beneficiários reais são os controladores do sistema financeiro internacional.

Este não produz coisa alguma! E sim vive de fazer toda a população mundial pagar mil vezes o que realmente deve, por meio do mais tenebroso sistema de exploração usurário já concebido pela genialidade, e maliciosidade, humana.

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